sábado, dezembro 04, 2004

L'enfant sauvage...

É... Esta é a mais pura das verdades. Sou um poço de desejos intensos, um turbilhão sofrego de emoções e uma tempestade de sentimentos que lutam por viver todos ao mesmo tempo dentro de mim e simulam uma explosão constante, simultaneamente deliciosa e sofrida. Sou assim. Embora consciente deste risco que corro, pois a vida não é um mundo apenas meu ( felizmente), não sei mudar e tropeço em curiosos que me perguntam (in) satisfeitos (?) : És mesmo assim? Pois... De actriz não tenho nada... Sou como aquela música da Gabriela: "Eu nasci assim, eu fui sempre assim..." Quem sabe não mudarei um dia destes.


domingo, outubro 03, 2004

Nos braços de um anjo...


Esta é a música que, desde que a ouvi,

mexeu comigo e ainda mexe...

Sarah McLachlan...

Fica a letra...

E o sonho deambula nela...


Spend all your time waiting
for that second chance
For the break that will make it OK
There's always some reason
to feel not good enough
And it's hard at the end of the day
I need some distraction
or a beautiful release
Memories seep from my veins
Let me be empty
and weightless and maybe
I'll find some peace tonight

In the arms of the Angel
far away from here...
From this dark, cold hotel room,
and the endlessness that you fear
You are pulled from the wreckage
of your silent reverie
You're in the arms of the Angel;
may you find some comfort here...

So tired of the straight line,
and everywhere you turn
There's vultures and thieves at your back
The storm keeps on twisting,
you keep on building the lies
That you make up for all that you lack
It don't make no difference,
escaping one last time
It's easier to believe
In this sweet madness,
oh this glorious sadness
That brings me to my knees

In the arms of the Angel
far away from here...
From this dark, cold hotel room,
and the endlessness that you fear
You are pulled from the wreckage
of your silent reverie
In the arms of the Angel;
may you find some comfort here...


You're in the arms of the Angel;
may you find some comfort here...

sábado, outubro 02, 2004

Completa

"A Amizade é a mais bela forma de amar"- lembrou-me um dia um dos meus amigos mais queridos. É... Há que concordar com isso. Este é sem dúvida um dos sentimentos mais completos e que podemos alimentar por alguém. Horas ao telemóvel numa conversa acesa de atropelos e gargalhadas que acabam em lágrimas de tanto rir. Momentos destes fazem-nos ganhar o dia. Hoje foi um dia mais que vitorioso e feliz. Vivi-o intensamente desde o início até ao fim, com trabalho, com família e com amigos. Esqueci-me de jantar, mas enchi o coração de sorrisos e fui feliz. Estou feliz e gosto mesmo de ti. Inconscientemente ou não, cultivas, dia após dia, esse sentimento lindo de amizade, pura e inocente, que vai crescendo e voando, feliz, dentro de mim.


sexta-feira, outubro 01, 2004

Desejo na ponta dos dedos

Olhei para os meus dedos aqui sobre o teclado. Curiosamente pareceram-me bonitos e mais ágeis que o meu pensamento. É um dos mais belos dotes físicos do ser humano... Permitem acariciar, acarinhar, dar mimos e um simples deslizar pelo rosto de quem se ama, ou um mergulhar nos cabelos acabadinhos de cortar à màquina, traz aos dedos uma sensibilidade erótica única, repleta de desejo, inundada numa vontade inadiável de continuar brincando com os sentidos e arrepiar o corpo todo de imediato... Sei que gostas. Quanto a mim, confesso que adoro.


quinta-feira, setembro 30, 2004

Procuro-te...

Sabes desde quando te procuro em vão? Desde que li na minha adolescência o "Fernão Capelo Gaivota" e decidi voar até aos "penhascos mais altos" na busca da felicidade... E será que ela existe? Dizem que sim. E eu acredito que sim. É por isso que te procuro sorrindo, pois sei que estás algures nalguma esquina, sem saberes, tal como eu, que nos iremos cruzar e dar o nosso primeiro beijo apenas com um olhar. É. Admito. Sou uma romântica perdida. Nisso, somos declaradamente iguais e até na tradicional frase "não procuro compromissos", escorregamos em romantismo que parece verter directamente da alma. Está em nós. Nasceu em mim. Veio ao mundo contigo. Somos ambos fruto de amor e não sabemos viver sem ele. Sabes quantas pessoas se amam como nós? Poucas? Sim, infelizmente... Por isso temos sorte. Por isso, quero-te. Por isso, procuro-te.


quarta-feira, setembro 29, 2004

Atrevido...

Sabes o que mais gosto em ti? O facto de me surpreenderes sempre. Tens esse cheiro a sedução e mistério que me inunda os sentidos de forma irracional e um olhar que me despe por dentro, sem me julgar, mas que me aceita como sou. E por fim, atreves-te a sorrir dessa forma que só tu consegues: ousada, cúmplice, terna e simples. És atrevido. Sabes que o és e sabes que eu gosto.




sexta-feira, agosto 20, 2004

Desisto

Verifica-se uma baixa deste lado. Desisti de entender e interpretar as palavras que ouço. Por vezes, sinto que complico o que é tão simples. Um "não" é "não" e um "sim" é obviamente o oposto. Estou decidida a mudar. O mais complicado é quando essa decisão acarreta reacções de repugna quando na verdade era anteriormente tão solicitada. Devo mudar ou não? Não sei. Desisto de entender o modo mais correcto de ser e de agir. Outro dia disseram-me: "És tão ingénua e distraída, nem te apercebeste do que se passava à tua volta". Será? Quem sabe não é isso mesmo? Uma questão de ligação à terra e de deixar de olhar para o céu na esperança de que uma estrela cadente satisfaça o meu sonho perdido. Desisto. "Deixem rolar", como diz o nosso irmão do Brasil. Amanhã é outro dia. E tu que estás desse lado, desiste também...de ler este texto. Está uma porcaria, sinceramente. É melhor ir dormir. Quem sabe não tenho um sonho daqueles...

quinta-feira, agosto 19, 2004

Nua...

Estava nua e a lua brilhava sobre o meu rosto e sobre a minha alma. Há muito que não a encontrava assim desnudada, a alma, feita de sonhos que se despiam chorando caidos no chão, jogados como lixo. Na busca do teu amor impossível, refugiei-me nos braços de um outro que de forma ilusória deixou a neblina me cegar por breves instantes. Estou de novo nua e vejo o meu corpo exposto sob a lua. Não sou ninguém nesta noite escura que me abraça friamente e de forma vazia, fria, vazia, sozinha, fria. Apenas eu, o meu corpo e a lua. Estou nua e penso se não seria melhor estar fria, sem sangue correndo nas veias, despida da vida. Assim, vazia, sozinha, nua, o frio consome os meus sentimentos e gela-os, petrifica-os, mata-os. Estou nua sob a lua e não entendo porque ainda respiro se a noite procura em mim rastos de morte. Estou nua e vejo o meu corpo que balança num respirar lento e vazio, num gemido quase sumido, num suspiro que não busca nada, apenas um lamento inaudível... Estou nua sob a lua e nas sombras que deixo no chão reconheço o sorriso apagado que um dia tive. Finjo amar-te, mas engano-nos. Quero amar-te, mas não consigo. Sou um corpo vazio e sozinho, carne macia que deixa deslizar os dedos quentes de quem diz amar, uma pele ainda suave que se sente ardente quando pensa em ti e no amor que desmente a toda a hora. E continuo nua sob a lua. Ela que vê o meu corpo contorcer-se de dor e de amargura, testemunhando o desfalecimento do amor impossível que nunca teve hipótese de existir. Estou fria, imóvel, triste e sei que quando o sol nascer, a escuridão continuará em mim, gelada, inconsciente, na lápide que esboça uma foto antiga onde ainda havia sorriso e esperança. Estou nua sob a lua, enterrada numa vida de sonhos mortos. Estou nua sob a lua, eu e os meus sonhos, feitos de sombras, compostos de mantos de folhas secas e pesadas que nem o vento doce matinal consegue erguer. Estou fria, gelada, sozinha, fria, nua, vazia, fria, nua, fria e sinto medo... Sinto medo que o meu coração gele antes de poder sussurrar o meu sentimento por ti. Está frio e é noite. A lua escondeu-se atrás de uma nuvem escura carregada de tempestade. Entrego a minha voz rouca ao vento suave que anuncia o choro dos céus e aguardo o meu destino apagado. Gelei. Vejo o escuro em redor. Ceguei. Não sinto nada além de uma lágrima quente que escorrega pelo meu rosto pálido, triste e frio e morre no chão escuro e frio, caindo na eternidade de um sentimento isento de vida. Está frio e é noite... Visualizo a camisola azul de cetim que adivinha as curvas de um corpo com vida. A lua ressurgiu no céu. Fecho a porta da varanda e entro no quarto. Deito-me na cama e adormeço.


sexta-feira, março 12, 2004

Perfume


Realmente o poder do odor exerce efeitos magníficos na nossa mente e, quando menos esperamos, estamos correndo atrás de um aroma familiar, viajando no tempo ou até se perdendo pelas vias deliciosas da imaginação. Se citasse aqui o fabuloso livro de Patrick Suskind, desviar-me-ia do tema.
O que aconteceu foi simples. Foi o desencadear de uma sensação de seda apetecível semelhante às anunciadas nos slogans mais banais de shampoos ("Seja você também um cabelo Pantene"). Não foi com Pantene que o lavei, mas com o usual kerastase que mima os meus caracois desde há muito ruivos. E o resultado final deixou-me radiante. Olhei-me no espelho e gostei. Incrível. A auto-crítica foi positiva, embora moderada. Inconscientemente, ao ler deitada na cama, mexia e remexia nos caracois macios e o perfume foi me envolvendo. Seria da lua? Seria do quarto vazio? Não sei... Fui à varanda. O vento assobiava no prédio assombrado em frente, em construção abandonada. A minha pequenina canina aconchegada na sua alcofa vermelha ergueu a cabeça e pediu mimos. Acarinhei-a e uma madeixa de cabelo encaracolada caiu-lhe sobre o focinho. Pensei que ela iria espirrar ou mexer-se e ri-me antecipadamente. Tal não aconteceu. O seu narizito pequenino mexia-se em movimentos compassados. Sorri para a pequenina, minha fiel companheira. Também ela sentiu esse perfume que parecia sair de mim e era agradável, confesso. Relembrei-me da minha afilhada que com menos de um ano, gatinhando, trepava por mim fora e ficava olhando o meu cabelo, mexendo nos meus caracóis, sem puxá-los (como fazem as cianças daquela idade), o que era deveras estranho. Devo ter uma arma nas mãos que no fundo nem me pertence, mas sim ao tempo. Uma arma que se desgasta com o passar dos anos. O certo é que eu, hoje, senti o poder desse deslizar encaracolado e perfumado que me cobria os ombros e me perturbava os sentidos mais lúcidos. O erotismo despoletou em mim com a vinda dos trinta e este processo é irreversível. Na verdade, até gosto dele, mas acarreta consequências, por vezes, menos positivas.
Acabei me lembrando de ti e do primeiro beijo que me deste. Afastando uma madeixa encaracolada, debruçado sobre meu rosto, com um sorriso tão lindo quanto a lua no céu cintilante e os teus olhos mais verdes do que nunca, emotivos, perguntaste delicadamente: "Posso?" Como uma menina assustada, inocente, ingénua e tímida, respondi num sussurro: "Podes".
E os nossos lábios tocaram-se suavemente, como uma gota de orvalho deslizando numa pétala de rosa e eu vivi o beijo mais lindo que recebi na vida. Tinhas esse perfume... Perfume de charme, de sensualidade, de homem maduro e de menino perdido, de cavalheiro delicado. Nos lábios tinhas o aroma e o gosto do desejo. A tua mão deslizou pelos meus cabelos e eu percebi então: o quadro era perfeito demais para durar além de um momento. Senti nesse beijo o medo de estar vivendo um sonho que pouco duraria e pude confirmá-lo, mais tarde, com um aperto no peito. Mais uma vez, esse perfume fora levado pelo vento. Ficara apenas a lembrança e o roçar suave de uns lábios doces que me falaram de amor no silêncio e me fizeram acreditar que a Felicidade, por vezes, existe. Julgo que é esse recordar de perfume que ficou em mim, nos meus caracois ruivos e que me deixam assim, ansiosa, tentada a perdoar-te e pedir-te perdão e dizer que te amo como nunca amei ninguém na vida.

quinta-feira, março 04, 2004

Estacionamento "auxiliado"

Estacionar na nossa cidade é frequentemente um problema que nos deixa com os cabelos em pé ou com o cronómetro ligado, pretendendo controlar os gastos exacerbados num simples “parking” comercial. Este é o luxo de quem se habitua a levar o carro até à porta do local de trabalho ou até ao seu ponto de visita, argumentando a escassez do tempo para realizar toda a lista “urgente” de tarefas agendadas para esse dia, essa hora e esse preciso momento.
Poderemos igualmente optar pelos estacionamentos acolhidos pela maresia, na Avenida das Comunidades Madeirenses, onde seremos recebidos por um “auxiliar” que nos ajuda não só a suportar o tempo de espera por uma provável vaga, como também nos sorri abertamente, acalmando a agonia e a ansiedade crescentes, suscitadas pela situação.
No entanto, é impensável não simpatizar com alguns destes “profissionais” sorridentes que, diante de um teimoso “ Não poderei esperar...” (proferido num tom frio e quase desprezível) oferecem um sorriso delicado. Revelando uma educação exemplar, respondem: “Que pena, Sra. Para a próxima terá mais sorte”. Se, porventura, insistem, fazem-no subtilmente e sem demasia.
Esta é uma situação que já vivi na pele muitas e muitas vezes. Não consigo deixar de simpatizar com aqueles rostos cansados que disputam o território destinado aos estacionamentos. Dou-lhes sempre uma moeda. Não me refiro a quantias elevadas. Neste gesto, não visto o tradicional receio de que me danifiquem a viatura, mas pretendo agradecer o sorriso oferecido e a delicadeza das palavras.
Pelos sorrisos e afagos psicológicos oferecidos durante a espera desesperada nesses parques, os referidos “auxiliares”, portadores das características mencionadas, mereciam mais que o licenciamento proposto pelo Presidente da Câmara de Lisboa: uma “medalha”, talvez.
Devemos relembrar que, muitas vezes, são eles os alvos dos desabafos pouco civilizados dos condutores sempre apressados e usualmente irritadiços. Independentemente da legalização ou não da actividade de arrumador de carros, qualquer ser humano merece ser respeitado. Pensem bem: custa tão pouco retribuir um sorriso e o papel de “vítima assustada” parece estar já tão fora de moda nestes casos.

(Publicado no "Diário de Notícias" de 28 de Fevereiro de 2004)

quarta-feira, fevereiro 25, 2004

Sambando contra o stress...


É tempo de folia. É tempo de Carnaval. São dias enraizados numa tradição que remonta à Antiguidade e cuja origem ninguém consegue designar ao certo. Se alguns historiadores relacionam esta época com os cultos agrários, outros avançam no tempo e aliam-na às comemorações egípcias ou ainda ao culto do Deus Dionísio, um ritual da Grécia Antiga. O próprio termo revela, de igual modo, alguma imprecisão, evocando, como seria de esperar, a língua latina. Surge assim, associado à expressão “carrum novalis” (carro naval), remetendo-nos de imediato para a imagem dos tão criativos e espantosos carros alegóricos capazes de suportar o entusiasmo dos seus “passageiros”, com a energia à flor da pele. Poderá também reconhecer a sua origem na expressão latina “carnem levare”, evoluída para “Carne, vale” (“adeus carne!”), que designava a quarta-feira de cinzas e anunciava a supressão da carne devido à Quaresma.
O certo é que a alegria que parece jorrar nestes dias, abusando nos conceitos de excentricidade e de desinibição, não suscita qualquer tipo de hesitação quanto ao esforço e empenho pessoais aplicados na elaboração de uma máscara original e criativa. O apelo nasce quase de forma espontânea e torna-se contagiante o simples “querer” participar neste samba que combate o stress e faz esquecer, por umas boas horas, o quotidiano e as rotinas malucas que esvaziam as carteiras, tais como, as despesas mensais. Estes dias não são numerados nem medidos. Aproximamo-nos do final do mês. Ninguém deu por isso. Ainda bem.
Os limites perdem-se (felizmente) e a coragem sai à rua vestida de “Trapalhão”, sambando contra os males da sociedade, numa crítica voraz, acesa, divertida, mas sobretudo realista. É no desfile “atrapalhado” que se centram as atenções dos madeirenses e turistas, cada vez mais numerosos, nesta época. O público aplaude os (des)“mascarados” e os mais destemidos entregam o corpo aos ritmos quentes de origem africana. Assim, dando uns pézinhos de samba, quebram a timidez e a passividade da assistência. Os “trapalhões” fazem as delícias das crianças e enchem de coragem os foliões que lavam a alma secretamente atrás de um “disfarce”, ousando cantar aos “deuses governamentais”: Ei, você aí, me dê um dinheiro aí, me dê um dinheiro aí”... Sambem. Revelem-se. Propaguem a epidemia. Quem sabe alguém influente nos ouve e lê os pensamentos exibidos atrás da máscara? Não custa tentar. É Carnaval.

(publicado no DN de 25 Fevereiro 2004)

segunda-feira, fevereiro 23, 2004

Coluna


Em tempo de Carnaval, a palavra "coluna" remete ao som do samba e às brasileiras semi-vestidas abanando-se, num espectáculo de loucura, animação e diversão únicos no mundo. Não vou falar de samba, nem de abanos de ordem alguma. Refiro-me à minha coluna vertebral. Conduzi um pouco mais que o habitual e estou literalmente virada do avesso. Preciso de uma massagem.

domingo, fevereiro 22, 2004

Baile de Máscaras

A vida, por vezes, é um Carnaval fora de contexto. Pude constatar isso de novo. Muitas das pessoas que nos rodeiam andam mascaradas o ano todo e apenas na época carnavalesca têm a coragem de assumir quem são verdadeiramente. E como é Carnaval, “ninguém leva a mal”. É pena que o Carnaval seja apenas 3 dias. Se a honestidade e sinceridade pudessem ser prolongadas, o nosso ego social ascenderia ao top ético e moral num ápice. Hoje, até encontrei um príncipe! Não, não era um sapo transformado. Garanto-vos. Vi-o. Desfilou em pleno Funchal, saindo de um livro de histórias encantadas onde tudo sempre começa com a célebre frase: "Era uma vez"... Pois. Palavras, para quê? Claro que eu também poderia entrar neste Baile de Máscaras vitalício. Quem sabe, seguindo a maré da moda actual, não seria eu também uma Princesa, uma Rainha ou uma Super-Mulher?
De qualquer modo e, apesar do desabafo alucinado, não colocarei uma máscara fora de época. Vamos viver o Carnaval, sambar e brincar ao “faz-de-conta”. Vamos "curti-lo" agora, adequadamente, enquanto dura.

(Publicado no DN de 21 Fevereiro 2004)

sábado, fevereiro 21, 2004

Estou na lua...

Estou mesmo na lua. Conheci um Príncipe e ainda hoje, em conversa com colegas de trabalho, diziamos que eles estavam em extinção. Conheci um e tenho até medo de pensar que não seja mero fruto da minha imaginação. Mas que fruto! Deus existe! Ou então, minha imaginação anda hiper activa, além mares e fronteiras do credível. Não digo que seja um humano "deusificado". Digo antes que vem envolto numa névoa de charme que não tem limites. É... Deve ser uma das usuais alucinações aqui frequentes. Amigas, amigos, cada qual no seu contexto, vivam bem as vossas alucinações. Vivam-nas intensamente, enquanto podem. O Sonho pinta a vida de luz e apaga a dor. Vivam-no. Deixem-se alucinar. Tentarei fazer o mesmo. Um por todos e todos por um. E vamos lá confirmar se esse Príncipe é real. Belisquem-me!

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

Hoje, o nome do blog mudou...

Plena mutação. Grandes mudanças se aproximam. Da forma que me estou a expressar, pareço uma daquelas ciganas que lêem as mãos. Não há nada como as mudanças. No entanto: Há coisas que realmente não entendo. Continuo maluca: quem me quer, eu não quero e quem eu quero, não me quer. É um pouco isso. Será grave? Deveria haver mudança neste plano também, mas não descobri ainda a fórmula para inverter estas noções. Matemática nunca foi o meu forte e as fórmulas químicas muito menos (embora química seja um campo deveras fascinante: mente suja). Estou presa num quiasmo, isso sim.


segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Lagrimas, risos e sexo

Realmente, este é o tema que me polui a mente. Não tenho culpa. Há pouco chorei como uma doida e depois ri como uma maluca. Parece contraditório, mas não deixa de ser naturalmente humano. Chorei de emoção ao ler dois mails enviados por duas amigas e senti nesse momento o peso da minha solidão. Acabei rindo desmanchada, quando um amigo meu, na tentativa de me arrancar uma gargalhada (acho que só queria a gargalhada) combinou um encontro no meio de um pinhal inexistente, dando-me as devidas coordenadas e tudo. Quanto ao sexo... Claro. Esse mantém-se em plena ebulição, não passando, no entanto, da teoria à prática. Juro que não fiz nenhum voto de castidade. Hoje, por exemplo, fizeram-me um piropo original, se bem que me tenha apetecido estatelar uma "tapa" no dito cujo. Além daquele comentário subtil, trancada num semáforo vermelho, vindo de um carro na faixa lateral: "Não sabia que as flores também conduziam" e de um outro bem ousado, também num semáforo vermelho (Benditos sinais! ): "Menina, poderia me dar o seu numero de tlm?" Ai, estes homens! Rica criação da natureza! No entanto, dessa subtileza romântica e charmosa na abordagem, ao dizer que " é pena estares de saia comprida pois queria constatar se as pernas também são boas..." Passei-me! A sério! Pensei aplicar um daqueles golpes que aprendi no Body Combat, mas a violência nada resolve. Resultado: risadinha amarela acompanhada de um olhar fulminante, afinal conheço o remetente de tal frase tão pouco gentleman e nada soft, mas ao mesmo tempo picante. Vem aí o dia de São Valentin. Uma amiga escreveu-me o seguinte: "Tu es absolument superbe ! et je suis sincère et c'est très bon signe. Ton corps ne te trompe pas. Il a maintenant envie de sortir de l'impasse et ce n'est plus qu'une question de temps. Je suis sûre que tu trouveras bientôt l'âme soeur car tu es vraiment séduisante, beaucoup plus séduisante (...)" Terá razão? Irei mesmo encontrar essa alma gémea? Mas onde??? "C'est bientôt la Saint Valentin. Un conseil : ne refuses plus les invitations. Si tu en as vraiment envie, vas-y !!!! cela te feras le plus grand bien. A rester tout le temps chez toi, tu te frustres et tu te fais du mal. Fais-toi du bien, tu n'en guériras que plus vite !" (E esta parte em que me aconselha a mandar as más línguas para o Diabo... Fantástica, esta mulher!) : "Et puis, au diable les mauvaises langues qui n'ont que ça à faire ! elles peuvent bien parler !!! On n'a qu'une seule vie et il faut en profiter ! Si tu restes à la maison, si tu refuses les invitations, tu leur donnes raison ! Non, non et non. Il faut vraiment que tu prennes du bon temps, tu as assez souffert. Ne fais plus que ce qui te fais plaisir ! Ne prends que du bonheur, du bonheur, et du bonheur ! " Palavras para quê... ? Quando ela repete exaustivamente para pensar só e apenas em ser feliz, ser feliz, ser feliz e que a vida é só uma, devendo por isso ser vivida ao máximo, é inevitável evitar uma lágrima de felicidade. Amigas dessas, valem uma vida. Impulsionada por estas palavras repletas de amizade, Lanço, aqui e agora, o alerta geral. Falo em nome de todas as mulheres livres, solteiras ou recém-solteiras (esta é gira...) Homens, precisam-se. Homens bons. Estão dispensados os interesseiros, os materialistas, os calculistas, os tarados por sexo e antipáticos. Caramba! Como posso explicar isto? Nunca recebi tanto convite na minha vida e nunca rejeitei tantos também! Onde andas tu príncipe...? Anda acordar a adormecida, aqui... Anda. Beija-me. Acorda-me para a vida.

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Linda! Estou linda! Uauuaaa!

Meu ego tenta convencer-me. Minha moral já esteve mais em baixo, é verdade, mas não me sinto essa beldade que apregoei no título. Muito pelo contrário. Mas vale a pena tentar. Ao entrar no blog lerei isso em negrito e quem sabe não massajo o ego por breves escassos centésimos de segundos. Ainda nao vos disse. Ele estava lindo, hoje, mais do que nunca... Caramba. Um monumento. Sim? Olhar não tira pedaço e já confessei abertamente: sou uma bomba de hormonas em explosão contínua e constante, afinal estou iniciando a casa dos trinta. Mas não repito mais isto. Só se for por extenso para não ter o impacto traumatizante ao visualizar o dito número, arriscando-me a perder o efeito narcisista do título ridículo deste post.


quarta-feira, janeiro 28, 2004

Ai ... ai... é Amor...

Pois, lá ando eu a alta velocidade na via rápida hormonal, rumo a um alvo recente que me está simplesmente dando a volta à cabeça sem limites de velocidade e nem no carro dele andei. Que analogias são estas? Deve ser da hora ou então, da batida que tenho no cantinho direito do carro. Pode ter atingido algo mais. Uma coisa é certa: isto, não me parece nada normal. Então, porque sabe tão bem? Bem? Muito mais que isso!!! Na casa dos trinta, tudo é diferente. E eu que pensava que isto eram tretas. É um verdadeiro espectáculo pirotécnico constante. Pergunto-me: que tenho eu afinal? As mensagens não páram no tlm e os convites chovem. Resposta negativa em 99% dos casos. Acho que os homens cultivam o masoquismo (ou serei eu ?). Não consigo pensar a estas horas. A verdade é que embati num monumento de alma (e não só). Ai, que bom ser adolescente de novo. Amanhã, acho que vou para o trabalho com tranças. Pipi das meias altas. Não acredito que escrevi isto. Bem, a altura crítica do mês já se foi. Era suposto estar mais calma. A culpa não é minha. Juro. Estou aqui quietinha. Se chove em cima de mim, torrencialmente, claro que tenho de ficar perturbada. Ora. Eis a explicação. Estamos no Inverno. Chove mais.

quinta-feira, janeiro 22, 2004

Alta derrapagem...

Foi alta derrapagem o que me aconteceu hoje. Nem precisei estar ao volante de uma viatura. Dei por mim, estatelada no chão e em redor ninguém se dignou a me esticar a mão ou pelo menos me reconfortar com um sorriso. Um fim de relacionamento que nem chegou a existir, acho eu, acabou deslizando para fora dos limites da aceitação ética e solidária de qualquer humano, enquanto ser social. Despistei-me e nesse estado de choque de emoções explodindo por tudo o que é lado, tive um acesso louco de sensatez. Decidi,eu mesma, pôr fim ao que não tinha nem nunca teve lógica alguma. O que ouvi não passou de um: "É tudo?", completado por uma interrogativa fria e burocrática: "Mais alguma coisa ?". Questiono-me se isto de sentimentos e relacionamentos serão realmente meras transações e intercâmbios esporádicos de partes e estados da nossa alma, o "orgão" menos físico e, no entanto, mais sensível e debilitado, do metabolismo humano. Acompanha-nos uma consciência permanente de inconsciência e inconsistência de atitudes. Com o decorrer do tempo e o ganhar suspeito de maturidade, deparamo-nos com a sensatez mais lúcida e coerente de uma jovem com menos 10 anos que nós. Onde ficou o nosso bom senso? É... Vale realmente a pena recuar no tempo e tentar recuperá-lo. A vida já nos surpreende qb. De que serve declarar-se mártir das suas próprias atitudes ? Melhor será talvez usar material anti-derrapante. Mais vale prevenir que remediar.


quarta-feira, janeiro 21, 2004

Delírios...

Foi assim que começou tudo no momento em que o médico me deu a primeira palmada que recebi na vida... Desatei aos berros e apercebi-me que o cordão umbilical fora cortado. Por vezes, ainda o busco em vão, mas de nada me serve. Actualmente, podem até ser congelados na esperança de curar doenças, mas o meu não o foi certamente. Nada que me pertença está congelado. A temperatura é elevada. Sempre. E tem sido uma vida coberta de delírios, apelando à protecção desse laço materno invisivel aos olhos (como diria Saint Exupéry), mas sempre constante nas atitudes desse coração vigilante que me gerou e permitiu-me assim emitir um som esganiçado após levar a dita palmada. Mas os delírios, esses vêem-se e sentem-se na pele. E não há palmadas que os controlem. Muito pelo contrário. Poderão, até mesmo, alimentá-los. Deixá-los seguir. Fazem parte da vida e das vivências que vamos construindo na busca ávida de momentos felizes. O certo é que, uma palmada (está comprovado) seguida de um bom berro, são sinónimos de vida. Depreende-se portanto, que, embora não esteja a sugerir que o mundo desate mais à pancada do que já anda, uma palmadinha no "rabinho", pode ser algo deveras estimulante. Avisei. Delírios. São constantes. Este foi apenas mais um.