quinta-feira, dezembro 08, 2005

Histórias cor-de-rosa

- Sabes que eu te amo...
- Eu também te amo tanto...

Com os dedos perfumados de ternura, tocou-lhe carinhosamente nos lábios macios, incitando-o a calar-se.
O silêncio falava por ambos.
- Então porque é que...? - insistia.
Em resposta, abraçou-o e, aconchegada, disse-lhe junto ao ouvido, sentindo a sua própria alma a murmurar: "Não sei amar outra pessoa além de ti... e tu sabes disso". Ele afastou-a delicadamente, observando enternecido o verde emotivo daquele olhar lindo, apaixonado, transparente. Estava trémulo, como sempre ficava na presença daquela mulher que transbordava doçura na voz. Sentiu a emoção apoderar-se de todos os seus impulsos. Não conseguiu falar.
Abraçaram-se e o bater dos dois corações misturou-se, acelerado, parando o tempo.Tornaram-se amor e ficaram assim, apertados um contra o outro, numa emoção pura, verdadeira, capaz de trazer o céu à terra, num silêncio que explicava tudo sem ter de dizer nada, num diálogo expressivo que só quem ama compreende.
Suspirei, deixando em cima da mesa o livro que acabara de ler e fui para a sala. O livro, esqueci-o lá fora e ainda ouvi o vento folheá-lo, curioso. Não cedi. Não voltei a colocá-lo na estante. Deixei-o lá, dominando e pintando de cor-de-rosa todo aquele espaço. A varanda tornara-se pequena demais e o ar irrespirável. Senti o mundo real diminuir brutalmente, tornar-se minúsculo e apertado.
Restava-me na alma um consolo. Pelo menos na ficção, as histórias de amor têm frequentemente um final feliz.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Tempo...

São 2h31 da madrugada. Ainda não chegáste e fico eu aqui pensando nos tempos de adolescente em que a noção de amor era outra. Perguntaram-me hoje o que seria da vida se não houvesse contagem do tempo. Esta é uma questão que entrelaçou as minhas memórias e fixou-as contra a parede, como se tudo em volta estivesse estagnado. Preciso delas, das memórias. Não alimentam o meu tempo presente, não é isso.Tu sabes. Sempre soubeste. Foste o meu primeiro amor de verdade, era eu uma adolescente tímida, agarrada aos livros e aos sonhos. Espreitei-te mil e uma vezes atrás de uma árvore, receando ser apanhada no meio de uma atitude imatura, mas desejando não ser invisível aos teus olhos. Tu sabes... Se o tempo não fosse vivido em progressão, hoje seria vazia de recordações. Não teria então guardado no meu viver de adolescente a mais bela paixão que alguém pode viver, em silêncio, sentindo o cheiro do teu sorriso à distância, esse sorriso pelo cantinho dos lábios, que me fazia ganhar o dia, a vida e tudo o mais. E os meus passos de miúda apaixonada ganhavam ritmo, cor e alegria. E o olhar, quase tímido, mas único, atrevido, aventureiro, forte e sensível e que me tocava e acarinhava sem se dar conta. Sim... era esse o olhar que eu lia em ti quando os nossos olhos se abraçavam. Ainda bem que o tempo existe.

terça-feira, novembro 22, 2005

Um choro no beco...

Há já algum tempo que aprendera a gatinhar. Notara que a vida ao seu lado era distante e fria e tornou-se mórdiba quando o depositaram junto a um depósito de lixo. O ar estava quente e abafado. Nesse momento, um cheiro a sujidade e comida podre invadiu-lhe o nariz pequenino e os seus pulmões mostraram o poder do seu choro. E chorou. Chorou tanto que as luzes do beco acenderam-se uma a uma e alguém numa janela gritou, jogando um objecto cujo impacto no solo trouxe-o à realidade do mundo enorme que o rodeava e sentiu medo de tudo. O seu choro não cessou. Em pijama, meia adormecida, continuei descendo as escadas, tropeçando, descalça, na minha própria agonia. O elevador estava avariado. Descia do quinto andar, numa ânsia profunda de acarinhar as lágrimas de solidão que ecoavam no beco, batendo no fundo da minha alma. Cheguei junto dele e baixei-me. Era o bébé mais lindo que alguma vez vira. Quando se apercebeu da minha presença, cessou o choro angustiado e sorriu. Sorriu seguindo a emoção dos meus olhos. Tinha uns olhos lindos, sorridentes, mais verdes que um campo de erva acabado de receber água dos céus. A lua acarinhava aquele corpinho trémulo e assustado, implorando protecção. Peguei-o nos braços, encostei-o ternamente ao peito e foi assim que a vida me deu um filho.

terça-feira, novembro 08, 2005

Confesso-te...

Foram várias as vezes que abracei a morte. Foram várias as vezes que decidi viver. Foram tantas as vezes que abracei a vida. Foram várias e muitas as vezes que amei. Nunca me senti atraída pela tristeza de ninguém. Não vivo do sofrimento dos outros. Isso corrói-me. Destrói-me. A incapacidade de ficar assistindo ao sofrimento de alguém, seja ele quem for, sem poder dar uma palavra ou estender a mão, é a dor mais forte que se pode sentir. É um revirar doloroso das entranhas. É perder vida. É perder sangue e ser fria como a pedra de mármore que cobre um corpo acabado de ser entregue ao solo escuro. Na minha vida nunca houve busca desesperada. Nunca houve presas. Não fiz das pessoas vítimas de mim. Isso vê-se no que escrevo.Isso vê-se na emoção que transborda em cada palavra que escrevo e onde se adivinham por vezes lágrimas ou sorrisos. Procuro fazer de cada dia, um momento diferente e especial, mimando e acarinhando alguém que amo e que posso não ver mais no dia seguinte, porque a vida a um dos dois foi roubada por não ser eterna... Temo perder as coisas mais preciosas que a vida me colocou no colo e que foram espalhando amor e amizade no meu caminho. Por isso, não faço delas um brinquedo, como uma criança fascinada com a sua nova fantasia, mas levo a sério e muito, os outros, essa multidão que justifica a minha existência. Se eu pudesse, não hesitaria em arriscar a minha vida por alguém... Não o escrevo por ficar ou parecer bonito. Escrevo porque é assim que sinto as coisas. Vítima de acidente grave, semi-drogada com analgésicos e traumatizada com o sucedido, ao sair do hospital, deparei-me com uma criança que, na inocência dos seus 3 anos aproximadamente, se contorcia de dores, com metade do rosto desfeito, desfalecendo em sangue. No isolamento, onde estive por longas horas e cuja porta ficou semi-aberta, vi passar uma maca. Nela padecia um senhor de idade avançada que não conseguia respirar. Fizeram-lhe ali mesmo, no corredor, a tentativa de reanimação. Instintivamente, tentei sair da cama, retirar o soro e os tubos que me furavam as veias e quis ajudá-lo... De imediato, apercebi-me que não tinha forças físicas. Estava mergulhada em analgésicos. Não consegui levantar-me e chorei. Chorei muito. Não por mim. Apenas por ele, cujo rosto nem vi, mas senti. Pouco depois levaram-no para o corredor da direita e fiquei acreditando que tudo acabara bem. De regresso ao hospital e presa no meu sofrimento, não suportando a minha dor física, encostei-me à parede e as lágrimas queimaram-me o rosto sem pedir licença... Nesse momento, assisti a um choro quase cantado, um lamento triste e sofrido, de uma senhora de origens humildes que dizia não conseguir respirar. O seu estado psicológico era do mais degradante possível. Levantei-me e quis falar com ela, quis acalmá-la. Esqueci-me de mim. Seguraram-me. Fui impedida de tal. Sou como qualquer humano. Não sou mais que ninguém... Perante tanta vida dorida que desfila bem diante dos meus olhos, considero-me bem e feliz. O meu sofrimento passa para segundo plano. Certa ou errada, a minha vida começa por quem me rodeia. Não consigo odiar ninguém. Até mesmo quem já amei por tantos e tantos anos e que o destino levou à separação, hoje é um dos meus melhores amigos e jamais esquecerei o quanto me fez feliz. Recordar os momentos felizes é a solução para esquecer as amarguras da vida. Desconhecidas ou não, é nas pessoas que se movem em redor de mim que encontro lições de vida e aprendo a valorizar cada segundo perdido que passei agarrada a uma almofada a chorar... Aprendi e formei no meu coração, dadas as vivências que me inflamaram, que o pior drama da vida é fazer da vida um drama. Não vale a pena dramatizá-la mais do que ela parece ser. O dia seguinte não me importa. Apenas tenho o Presente. Isso não significa que não sonhe e que não tenha no coração a vontade de viver muito e ser amada de verdade por um coração autêntico, honesto e sensível. Sonhar faz parte da vida e filosofias de existência existem muitas. Sou feliz, dando aos outros o que eles não têm: atenção, carinho, mimos e, todos os dias, um sorriso - mesmo quando a alma chora - pois nesse sorriso encontro, por vezes, outro, bem maior que o meu, ganho asas e consigo voar. A minha vida só pode mesmo ser vivida assim.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Momentos...

Houve dias em que o corpo dela estremecia de prazer só de sentir o vento passando por perto... Houve noites em que a emoção era tão forte que o seu desejo dava asas a uma personagem que ela mesma inventava na hora e sentia-se feliz, vendo ao seu lado, deitado o sorriso mais lindo do mundo. As palavras de amor trocadas, imaginadas ou não, nunca ninguém o soube, ficaram gravadas na memória de quem leu o seu diário: o pequeno livrinho onde ela depositava as suas confidências, plenas de sensualidade, erotismo e vida. Houve dias assim.

sexta-feira, setembro 23, 2005

Pequenina...


"Não te afastes, pequenina..." Ouvi isso tantas e tantas vezes em criança, quando as flores, os pássaros, as ondas do mar e as nuvens brancas falavam comigo... Pensei que a voz da infância se apagaria, extinta numa inocência que se presume perdida, mas ainda a ouço, dançando junto aos meus ouvidos, voando num vento que apenas se sente na alma... Ainda a ouço e ainda hoje procuro entendê-la.

segunda-feira, julho 25, 2005

Dar as mãos a um sonho...


O sonho dela era dar as mãos à sua vontade quase inata de estar em cima de um palco e cantar. Não pretendia exibir-se nem o estatuto de uma vedeta. Sonhava levar na sua voz mensagens de amor e de carinho, capazes de emocionar os corações mais solitários e de completá-los um pouco. Sonhava tocar as almas de quem a escutava e que dizia que a sua voz era suave como o vento e doce como o orvalho matinal. O amor que trazia inscrito no seu peito era tanto... Amava a vida, as coisas que via, as cores e os cheiros intensos que perfumavam as suas memórias. Crescia no toque da pele que escorregava pela sua, também ele cantando de prazer. Eram emoções únicas que, apenas num pouco do amor que lhe rebentava na voz, seriam capazes de transparecer naturalmente. Estava na hora de voar nesse sonho que nascera com ela. Estava na hora de ser feliz e de fazer alguém feliz. Deixou-se escorregar na cadeira de baloiço que a embalava na varanda. Viu as estrelas brilhando no céu e partilhou com elas o seu pensamento. Quem sabe não estaria algures nesse céu alguém esperando pela sua voz que diziam ser doce. Fechou os olhos e beijou o medalhão que trazia posto no peito."Tu sabes quem sou", segredou-lhe. E ficou assim, baloiçando nos seus sonhos.

Ensina-me de novo...

Esqueci como se sorri... Isolei-me da vida, do tempo e das emoções. Já não sei como se faz para sorrir, para chorar.
Esqueci o som de uma gargalhada.
Esqueci o grito que dava interiormente sempre que tocava o céu dos meus sonhos.
Esqueci-me de mim e adormeci neste silêncio que queima os mais doces pensamentos guardados em mim.
Estou vazia e ausente de mim mesma. Esqueci como se sorri.

segunda-feira, maio 16, 2005

Suspiros


Pensar que pensei que não existias...

quinta-feira, maio 12, 2005

Palco de emoções: vida nas veias

Por mim, deixava-me levar no ar fresco da noite para senti-lo penetrar pelas narinas e encher de luar toda a minha forma de existir... A ficção, a imaginação, os delírios ganham espaço e vida neste pedacinho de pecado que aqui deixo... Aguns caracterizam-me como "feliz"... Outros adormecem na sua teimosia irreverente de que a escrita exterioriza os meus momentos negros... O encarnar dos personagens que despertam em mim, fascinados por simples e inesperados estímulos vindos dos mais diversos universos, faz despoletar textos que nem eu mesma sei explicar como surgem... Um pedaço de loucura inata que insiste em transpor-se para as palavras legíveis...Esta lucidez inconsciente, são pecados ora doces, ora amargos que vestem de cor o meu pensamento... Não me importo de ser assim. Não me importo de poder sentir e viver as estações do ano nas palavras, vivas, insconstantes, na simples contagem dos minutos e que fazem de cada segundo, um momento marcado no tempo, diferente e sempre inesperado. Não me importo de ser assim. Nao me importo de chorar quando escrevo ou de sorrir, como o faço agora. Não me importo de ser assim. A meu ver, a verdadeira tragédia de uma vida é a sua rotina de emoções.

terça-feira, maio 10, 2005

Chocolate


Não é preciso baunilha, nem caramelo... Basta um chocolate e sei que isto já passa. Saboreá-lo des olhos fechados, fingindo que a vida pode ser doce e macia, derretendo na boca e enaltecendo os sentidos mais diversos... É... O Chocolate é uma arma e tem mil e uma aplicações... Vale a pena experimentar.

segunda-feira, maio 09, 2005

Será?



Foram tantas as vezes que sonhei contigo
que penso ser totalmente improvável
não existires.

domingo, maio 08, 2005

Penso que sim...

Penso que tens razão no que dizes, quando sabes me ouvir e me dás a palavra também, quando choras comigo, corres para me secar as lágrimas, me abraças ou sorris, foges de mim ou és indiferente. Penso que, nesse escuro que trazes nos olhos, escondes a luz das verdades que sentes e não tens coragem de assumir. Penso que sim. Penso também que somos iguais. Não somos a sombra um do outro. Somos, sim, a coincidência de carácter do que já fomos, somos e queremos ser. O espelho em que nos reconhecemos, é o mesmo. Penso que sim.

Parfois

Parfois je vois la vie avec les yeux d'un ange innocent qui attend tout simplement la liberté de ses rêves... Parfois, je laisse voler mes larmes sur les ailes d'un oiseau qui les rejoint aux nuages devenus noirs... Parfois, je crois que mon existence n'est plus ce poids de douleur et je me sens moins seule et abandonnée de mes désirs... Parfois, je veux m'endormir pour y retrouver ma paix et la réponse à toute cette contradiction qui envahit fréquemment mon âme... Parfois, je crois que les histoires que j'ai écoutées pendant mon enfance me feront assister à une réalité digne d'un conte et mon prince, il reviendra, souriant,gentil, capable de m'aimer et de se laisser aimer...Parfois... je me sens capable de faire rêver les gens qui m'embrassent et cultiver leurs sourires en cachant les pleurs de mon coeur vide et silencieux...Parfois, je veux croire que ma vie ne sera que cette indifférence et ce conflit d'émotions et qu'ailleurs quelqu'un voudra vraiment partager ses secrets et désirs avec moi...Parfois, je ne pense que ça et je pleure, puisque ces parfois... il ne sont que des moments lointains qui s'échappent par mes doigts, qui volent ma voix et ferment mes yeux, en disant que la vie ne saura jamais comme dans les contes de fée...La vie, elle n'est qu'un simple parfois...perdu dans le destin... et moi... je ne sais plus ce que je suis dans cet espace incertain...Je croyais qu'il suffisait tout simplement d'aimer...savoir aimer... et savoir grandir en aimant. À toi qui me lis...je te laisse mon parfois et l'espoir que tu le comprennes mieux que moi...

sexta-feira, maio 06, 2005

Sensualidade...

Dançava, sentindo a seda despir as curvas do meu corpo na camisola semi-transparente. Era eu, autêntica, semi-nua, sensual e como que gritando o teu nome no escuro da dança quase tribal que me possuía, embalada num simples Bacardi-Cola engolido a "penalti". Isto fez-me lembrar algo. A primeira bebedeira, que pouco alcool exigiu. Resultara apenas da desabituação a esse poderoso revelador de verdades. E fiquei assim dançando, com uma vontade inexplicável de entregar o meu corpo à lua e sentir o vento directamente na pele, despreocupada, desinibida, sob os olhares curiosos que, de certa forma, expressavam desejo e eu, confesso, deliciei-me e queria senti-lo cada vez mais, esse desejo reprimido, quase explosivo. Alguma mulheres de olhos desviados, mas postos em mim, denotavam nitidamente inveja por não terem coragem de libertar-se assim, sem preconceitos. E o cetim escorregava e esvoaçava. O corpo ganhava, em cada ondular da brisa, uma sensualidade singular, despido de manias de regime, de dietas, de pilulas para emagrecer, de cremes para estrias e celulite... O corpo exibia-se assim, bonzeado, macio, nu, apelando à libertação dos sentidos. Sei que faz lembrar o anúncio do "Martini baby?" e a toalha cai deixando adivinhar claramente os recantos de uma pele que sente prazer , que vibra e se contorce simplesmente por ter poros. Os sinais e marcas mais discretos, tornaram-se estrelas brilhantes apetecíveis de tocar, na noite quente e libertina, a julgar pelos olhos que me abraçavam no silêncio.
Quando acordei, estava nua, deitada na areia, com o sol me acariciando o rosto.
Ao meu lado, junto aos cabelos ruivos, entrelaçados na areia, uma rosa vermelha, marcava os traços misteriosos de um sonho que afinal talvez tivesse tocado a realidade.
O perfume da rosa fez-me vibrar e senti de novo aquele prazer quente, enaltecido, quase louco.
Caminhei para o mar que me acarinhou e partilhou comigo um momento de Amor.
Ao longe, no areal, a rosa vermelha brilhava, esperando o meu regresso, de corpo molhado, com as gotas deslizando, brincando na pele, tocando todos os mais íntimos recantos do meu corpo.
Regressei ao espaço dourado e coloquei-a no cabelo. Fechei os olhos, acariciada pelo sol, inibriada na sensualidade de toda aquela vivência. E fiquei assim, deitada, palpitando ainda desejo, entregue a uma praia quente, onde a areia deslizando entre os dedos, confidenciava-me ainda que me queria sentir e partilhar o amor comigo, mais uma vez.


terça-feira, fevereiro 08, 2005

Abraços



Hoje percebi a importância de um abraço que abraça tudo, a alma e o ego. Abraços destes, infelizmente, nunca tinha recebido antes. Recebi-os hoje e estou feliz por saber que existem.

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Namorar

Penso que só assim, sentindo, se aprende que o namoro não é um momento isolado, impulso de um desejo esporádico. Duas pessoas juntas, que se amam, nunca poderão afirmar que foram infelizes e que sentiram, no dia seguinte, o vazio típico de quem olha para o lado e pensa: "Que faço eu aqui?"

Atingir o estádio da certeza de que "É bom estar aqui, junto de ti", é o reconhecimento de que fomos felizes, outra vez.

domingo, fevereiro 06, 2005

Emoções

Estou com tantas saudades que chego a sentir um nó na garganta e o peito inflamado, com o batimento acelerado, ecoando nos ouvidos. Encontro-me sozinha, diante do espelho e o reflexo de mim mesma ameaça chorar perdido, desalmado, desossado, vazio e separado do seu ego. Porque estou eu assim? Não sei. E de que tenho saudades? Não faço a menor ideia. Em cada palavra que escrevo, muito antes de ser formada no pensamento, a angústia intensifica-se. Não sou eu quem escreve. É a emoção, quase irracional. Selvagem e primitiva, sorri-me e eu fico aqui, apática, perdida numa vontade inexplicável de tudo e de nada.

domingo, janeiro 30, 2005

Saltos altos

Decidi "criar". Foi uma opção louca, atrevida e ambiciosa demais, talvez. Convicta desse desejo e com avidez monstruosa, dei por mim jogada no chão, simples, como Eva, no início do mundo, olhando o céu e pensando na minha pequenez perante a grandiosidade do espaço azul e da vida que respirava à minha volta. Escorregara no alto dos meus saltos, reclamando a sensualidade do deambular nos sapatos novos. De nada adiantava decidir ser o que não era, tentar conseguir o que não tinha. Sonhar não tem preço, eu sei, mas ia me custando uma perna partida. "Oh miúda..." Epá! Entrou pelas narinas aquele cheiro a hormonas masculinas, junto com David Hoff e pele fresca saída de um banho. Hesitei. "Abro os olhos ou fico aqui no chão, simulando desmaio?" Nem tive tempo. Puxaram-me com mãos firmes e o meu corpo , já na vertical, ficou colado ao monumento em pessoa do cavalheiro que aparecera do nada. Há minutos atrás, ousara encarnar um personagem fictício. Agora, por mim, parava o filme que estava vivendo. Dava-lhe um "pause" prolongado. Caramba! Que homem! Queria apreciar. Deleitar-me com aquela aparição. "Estás bem?" Voz de trovão suave. Sim. Masculina, mas doce. Parece contraditório? Claro... Só mesmo perante a situação é que se consegue sentir. Inexplicável. E durante este tempo, fiquei quase sem respirar. Isto porque o David Hoff atordoou-me os sentidos, não queria perder aquele perfume por nada e ele apertava-me com tanta força que sentia os seus peitorais inchados (um exagerozito é típico feminino). Aí aconteceu o ridículo. Ainda mais ridículo, eu sei. Engasguei-me. Acho que foi falta de ar mesmo. As mulheres são estranhas quando querem ou quando menos querem. Este deve ser o nosso fascínio. Bem, desatei com uma tosse sem classe alguma e acho que o salpiquei. E o mais estranho de tudo... Queria falar, pedir desculpas, fosse o que fosse e não fui capaz. Ainda bem. Se abrisse a boca, diria certamente algo que poderia não cair muito bem, como: "Queres..." ou "..."
Ai ai ai... Que vergonha... Isto de estar nos 30, tem pano para mangas.

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Gu gu Da da...

Pois...Foi assim que começamos... no gatinhar lento e sensual...Tudo remeto para essa minha vertente tão humana e comum a todos, ou quase todos... Há ainda o sector dos que não descobriram que são núcleos de sensualidade... Não sei o que escrevo. É mais um deambular sem nexo... Acho que vem na sequência de algo que li algures aqui. Os homens, por vezes, são bem machistas e chauvinistas, mas um pote de charme insuperável... As palavras mexem e abalam desde o mais íntimo cantinho da alma... Bem, considerando que este é o primeiro Post do ano novo, não está correndo nada bem. Melhor parar... Hoje apetecia-me mesmo gatinhar... Fazer gu gu da da... De qualquer modo, será melhor evitar movimentos desses, afinal a tradição popular pode ter razão. Fico com gugu dada na cabeça. Antes assim.