sexta-feira, novembro 25, 2005

Tempo...

São 2h31 da madrugada. Ainda não chegáste e fico eu aqui pensando nos tempos de adolescente em que a noção de amor era outra. Perguntaram-me hoje o que seria da vida se não houvesse contagem do tempo. Esta é uma questão que entrelaçou as minhas memórias e fixou-as contra a parede, como se tudo em volta estivesse estagnado. Preciso delas, das memórias. Não alimentam o meu tempo presente, não é isso.Tu sabes. Sempre soubeste. Foste o meu primeiro amor de verdade, era eu uma adolescente tímida, agarrada aos livros e aos sonhos. Espreitei-te mil e uma vezes atrás de uma árvore, receando ser apanhada no meio de uma atitude imatura, mas desejando não ser invisível aos teus olhos. Tu sabes... Se o tempo não fosse vivido em progressão, hoje seria vazia de recordações. Não teria então guardado no meu viver de adolescente a mais bela paixão que alguém pode viver, em silêncio, sentindo o cheiro do teu sorriso à distância, esse sorriso pelo cantinho dos lábios, que me fazia ganhar o dia, a vida e tudo o mais. E os meus passos de miúda apaixonada ganhavam ritmo, cor e alegria. E o olhar, quase tímido, mas único, atrevido, aventureiro, forte e sensível e que me tocava e acarinhava sem se dar conta. Sim... era esse o olhar que eu lia em ti quando os nossos olhos se abraçavam. Ainda bem que o tempo existe.

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