- Sabes que eu te amo... - Eu também te amo tanto...  Com os dedos perfumados de ternura, tocou-lhe carinhosamente nos lábios macios, incitando-o a calar-se. O silêncio falava por ambos. - Então porque é que...? - insistia. Em resposta, abraçou-o e, aconchegada, disse-lhe junto ao ouvido, sentindo a sua própria alma a murmurar: "Não sei amar outra pessoa além de ti... e tu sabes disso". Ele afastou-a delicadamente, observando enternecido o verde emotivo daquele olhar lindo, apaixonado, transparente. Estava trémulo, como sempre ficava na presença daquela mulher que transbordava doçura na voz. Sentiu a emoção apoderar-se de todos os seus impulsos. Não conseguiu falar. Abraçaram-se e o bater dos dois corações misturou-se, acelerado, parando o tempo.Tornaram-se amor e ficaram assim, apertados um contra o outro, numa emoção pura, verdadeira, capaz de trazer o céu à terra, num silêncio que explicava tudo sem ter de dizer nada, num diálogo expressivo que só quem ama compreende. Suspirei, deixando em cima da mesa o livro que acabara de ler e fui para a sala. O livro, esqueci-o lá fora e ainda ouvi o vento folheá-lo, curioso. Não cedi. Não voltei a colocá-lo na estante. Deixei-o lá, dominando e pintando de cor-de-rosa todo aquele espaço. A varanda tornara-se pequena demais e o ar irrespirável. Senti o mundo real diminuir brutalmente, tornar-se minúsculo e apertado. Restava-me na alma um consolo. Pelo menos na ficção, as histórias de amor têm frequentemente um final feliz. |
1 comentário:
Anaísa,
vim deixar abraços, flores, estrelas!
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