sábado, agosto 25, 2007

Mal-me-quer, bem-me-quer, muito? pouco? ou nada?

Aproximou-se, tirando os óculos de sol lentamente do rosto. Li o seu pensamento explícito. Receei que também o meu fosse assim tão evidente. Trazia uma sede de desejo escrita nos olhos e logo que tocou no meu ombro, senti toda uma avalanche de fantasias desnudar-se, sem timidez alguma. Agarrou-me pela cintura e percebi que não havia modo de fugir àquele chamamento quase animalesco, e estranhamento tão doce. Não consegui olhá-lo nos olhos. O seu coração saltava do peito, batendo em sentido contrário ao meu. Os olhares de ciúme, curiosidade ou até de crítica de quem passava, por vezes, empurrando-nos, mergulhavam como bombas sobre nós, tentando alvejar o prazer físico, quase mágico, ali exposto. O calor dos nosso corpos fundia-se ali mesmo, publicamente, louco, insaciável e poderoso. Senti que me observava da forma mais indiscreta, com os olhos colados no meu decote, acariciando a minha pele, presa ao seu corpo como um iman. Incomodada, senti um prazer louco, intenso, ao ver o quanto o meu bronzeado lhe agradava. Estava colado a mim. Diria eu, que, naquele momento, era eu o único mundo que ele via. Iludo-me? Muito provavelmente "talvez". A vida tem destes enigmas, felizmente.

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