Contava as horas agarrada a um livro, saltando linhas e tropeçando desalmadamente nas palavras sussurradas no meu pensamento e nos sons prolongados do teu ressonar. Dormias ao meu lado, tranquilo, descansado, isento dessa emoção tão humana, quase adormecido também nos sentimentos que fechas a sete chaves, nem sei bem porquê. As horas teimavam em ficar presas, indiferentes, no relógio também ele frio, cansado em cima da mesa de cabeceira. O livro era tudo menos interessante. A cada teu respirar, eu sentia que estava no sítio errado e na hora errada. Havia tudo ali menos amor no ar. O quadro que os nossos corpos pintavam esmorecia sem cor. Era tão simples: fechar o livro, fechar a porta e virar a página. Era tão simples aparentemente. Apesar do ruído sem ritmo, ensurdecedor no silêncio do escuro, do teu respirar pesado e despreocupado, era a ti que eu amava. Era ali que o meu coração pedia para ficar todos os dias, acostumado, embriagado, cego, mudo num amor que era e foi tudo menos correspondido. Apaguei a luz, meti algodão nos ouvidos e atropelei o vazio que me invadia a alma. Curiosamente, nunca te aperceberas que raras eram as noites em que conseguia adormecer ao teu lado. Amanhã, seria certamente outro dia.
domingo, março 04, 2012
sexta-feira, fevereiro 24, 2012
Abraço
Vinha conduzindo, pela noite já preenchendo de escuro a luz do dia , quando tocou na radio uma melodia do Miguel Gameiro. Dei comigo a escrever-te esta nota em pensamento.
Remeto-a agora da alma para o estado legível...
Dá-me um abraço desses que embarcam o universo, que enchem de ar os pulmões quase secos de sentimento e fazem nascer um sorriso vindo nem se sabe bem de onde, de forma espontanea. Dá-me um abraço desses que apertam e deixam os corações chocarem-se, de ritmo misturado num só, acelerado de emoção. Dá-me um abraço daqueles que sabemos que falam no silêncio e dizem tudo o que as palavras não conseguem. Não tenhas medo de me abraçar só porque eu te dou palavras de amor e chocolates, só porque eu te amo e revejo em ti o meu mundo. Nossas vidas não ficarão presas num abraço, angustiadas e saturadas. Pelo contrário, será mais um dos nossos momentos felizes. Dá-me um abraço, sempre que o teu coração grite que o quer fazer e o teu corpo estremeça nesse enlace.Dá-me um abraço. Não deixes que seja preciso pedi-lo. Nunca.
Brilho nos olhos
Há já algum tempo que aqui não registo o deambular da minha mente, ela sempre tão fértil em momentos de idealização. Hoje reencontrei-me presa a textos dos passado, a emoções antigas, saudosas, e ao fervilhar de sentimentos constante, esse estado já intrínseco no meu ser. As palavras nascem-me nos poros, e respiram por todo os cantos do meu pensamento, como um vulcão. Tenho de dizer-te frontalmente. Fui contagiada pela tua essência. A tua sensibilidade fascina-me. A caminhada conseguida com jogos e ilusões agrada-me, mas muito mais ainda, o tesouro da tua genuidade. Sempre afirmo que o facto de estares aí sentado, agarrado ao teu iphone ou tablet, no teu escritório, em casa, ou no café, lendo o meu texto tão despido de artifícios literários, te torna, desde logo, uma pessoa especial. Sem saber, avivaste os passos que marco na estrada. É, pensando em ti, que abraço sonhos quando adormeço, liberta da poeira do quotidiano, de mente lavada, embalando a esperança pequenina de vir a conhecer-te por inteiro. Trouxeste inspiração à minha vida. Fizeste-me deixar para trás quem nunca soube ler a minha alma, quem sempre transcreveu as minhas palavras como uma cópia da realidade, sem espaço para qualquer ilusão pelo meio, isento de emoção, quem nunca acreditou em mim. A névoa desse passado surge agora em vagas distantes, fugidias, e sem importância. Trouxeste-me o brilho aos olhos e reacendeste o meu sorriso. É por ti que escrevo aqui de novo e só por ti. A tua presença é acima de tudo apaixonante. Por isso, fica. Preciso de ti.
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