
Esta era a Janette...
Aqui ainda bébé...
Tinha menos de um ano.
Estava em cima
de um armário pequeno...
Queria descer...
A altura era um desafio.
Lembro-me bem
do quanto resmungava...
A minha menina... já com os seus seis aninhos...
Pronta para dormir... Natal 2003...
Linda... dócil...sempre feliz... Aqui muito concentrada num osso de mascar...
(...) Para massacrar o meu coração, o início do ano começou com a perda da minha "menina", há 10 anos existente na minha vida: uma cadelinha que parece ter vivido comigo a vida inteira. Presenciou todas as minhas alegrias e tristezas e estava sempre ao meu lado. Chorava quando eu chorava, brincava comigo, sempre bem disposta e alegre, sempre junto de mim. Nunca adormecia sem que eu a abafasse com o seu cobertor, lhe desse palmadinhas no rabinho para adormecer, com a cabeça sobre a almofada de bébé ou peluche, deitada na alcofa junto à janela do meu quarto. Foi assim que ela partiu deste nosso mundo, nessa posição...com o seu peluche...Quando ela estava doente ou tinha pesadelos, tinha de ser acordada com cuidado e lá estava eu, junto dela, acalmando ou sendo enfermeira. Falava muito com ela e se que muito do que lhe dizia ela percebia. Cumplicidade por mim nunca antes experimentada com um animal de estimação. Tinha o cesto dos seus brinquedos, peluches, o tapete da Disney, as suas alcofas, e colchões e cobertores anti-alergicos, os seus recipientes para comer todos na moda, produtos de higiene dignos dela e bebia água mineral apenas e comida especial para dieta renal. Tinha tudo o que eu lhe podia dar e por vezes até nem podia, mas tinha de dar. A família toda sempre lhe deu brinquedos. Lembro-me que em bébé, recebeu do meu irmao um osso maior que ela...e mesmo assim, lá ia ela, arrastando-o por todo o lado, fazendo-nos rir... Sempre leva-a às consultas de acompanhamento para controlar a sua saúde e ela, sempre carinhosa, diante do seu médico abanava a sua cauda, mesmo quando estava doentinha. Nunca mordeu ninguém. A casota dela foi pintada por mim com desenhos de pegadas e cores bem vivas. E ela adorava tudo isso...Tudo isso ela agradecia, porque aprendeu a deleitar-se com estes mimos e este conforto, apesar disso não ser tudo ou não ser mesmo nada diante do amor que tinha por ela e ela por mim. Antigamente riam-se desta ligação entre os humanos e os animais...Hoje respeitam-se, pois quase todos nós já perdemos um animal que amavamos mesmo e sabemos o quanto doi.Tinha nome de pessoa, porque era para mim uma pessoa. Era a Janette. Uma rafeirinha que surgiu na minha vida num período em que me sentia muito só. Lembro-me do dia em que a vi pela primeira vez e passou a noite chorando com saudades da mãe, acabando por dormir, ao lado da minha cama, com a minha mão a acarinhá-la. Partiu, de repente, quase nos meus braços. Teve um AVC, cujo pico foi mesmo nas minhas mãos. Com os cuidados médicos e no conforto da sua alcofa, conseguiu sobreviver quase 24 horas. Mesmo durante esse pequeno período de dramatismo profundo, soube comunicar comigo, chamando por mim e pelo meus mimos... que agora parecem-me tão poucos... O sucedido caiu como uma bomba no meu peito. Veio alterar tudo. Veio alterar a minha rotina. O vazio da sua ausência ficou marcado para sempre.
Desculpa o desabafo.
Acordei com esta vontade.
Vontade de ter um amigo por perto.
2 comentários:
Só vim te ler de novo.
Deliciosamente.
Abraços, flores, estrelas...
É uma história triste! Temos de pensar que, de certa forma, ela morreu feliz por saber que tinha uma dona que gostava muito dela! Beijinho.
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