sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Espelho do tempo


A vida é isto mesmo.
É feita de traços que se descobrem de forma ilógica aparentemente e que escondem o ego acorrentado de um personagem visualizado algures, encarnado agora, fruto de carências afectivas transpostas num espelho quebrado em pedaços...
A vida é isto mesmo.
É um tempo (in) completo onde ficamos pisando os pedaços de um espelho que deixa morrer uma imagem sentida e impossível de ser colorida pelos olhos, sem medo de deixar sangrar as feridas que se rasgam na pele, desenhando cicatrizes, com a certeza de que as farpas de vidro perdidas, apenas ali ficaram, abandonadas num espaço que nunca existiu.
A vida é isto mesmo: algo que não se compreende, apesar da sua transparência sempre evidente. É sangue, céu, mar, guerra, verde, azul, núvem, árvore, flor, sorrisos, lágrimas, dor, enigma, espelho que se vê, toca, sente e até cheira, de olhos fechados, mesmo quando desfeito em pedaços.
A vida é isto mesmo, por isso dá tanto gozo vivê-la.